teu gosto salgado no pescoço
Das poucas certezas que tenho na vida
eu sinto muita saudade
Não em forma geométrica pra que tu consiga colocar dentro de um quadro
Ou nas tuas ideias simétricas como se essa essa paixão coubesse em algum quadrado
Porque eu ainda nem sei dos tamanhos dos teus formatos
Dos teus risos mais largos ou tamanho dos teus sapatos
E eu gosto muito de apreciar o “ainda”, ainda mais quando tenho tempo e carinho crescendo como se fosse onda em dia de maré alta
e também toda uma vida
Nem sei se deu pra tu perceber que amo colocar o mar dentro de minhas poesias
É que teu gosto salgado no pescoço me lembra mergulhar.
É mar, é como se fosse remédio pra me acalmar
Tem dia que distância e ausência chega a ser maldade
Não machuca
É que por incrível que pareça amadurecer te ensina que tem coisa que não dói apesar da dinâmica de idas e vindas
Volto a dizer
Eu carrego muita saudade
E agora novas lembranças: do teu cheiro, do teu sabor, da tua língua e da tua dança
E eu tenho um coração e duas pernas bem grandes pra ainda te levar pra cada lugar dessas cidades
A que existe fora e a que construo dentro de mim
Pra que tu possa passear nas ruas que gosto de criar nos dias que lembrar de tu é um desejo profundo de não ter fim
Atravessar de barco o rio Capibaribe
E as águas que agora aqui existem