Travessia noturna
eu durmo passeando na cama
rodando quase pulando
um cavalo cismado
em conflito
um burro amoado
de um lado pro outro
arranco lençol e jogo travesseiro
dou murros silenciando murmúrios
não sei o que amedronta minha mente
mas no meu corpo há uma guerra
o relógio atravessado em minha pele
o tempo distorcido em meu peito
não compreendo e ainda durmo
e se eu não acordar dessa guerra que me cerca?
e se eu me perder na possibilidade dos pensamentos?
qual o peso das batalhas em meus desencantos?
preso no conflito dessa dicotomia
mas desperto desarmado
livre na minha poesia